Painel: Universidades como agentes do Ecossistema de Inovação

Painel: Universidades como agentes do Ecossistema de Inovação

Nesse painel com o tema “Universidades como agentes do Ecossistema de Inovação”, contamos com Jamile Sabatini Marques, diretora de inovação e fomento e diretora do Think Tank – Centro de Inteligência de Inovação, Políticas Públicas e Inovação da ABES; Juliana Bonomi Santos, professora de pós-graduação em administração da FGV-EAESP; Marcelo Knorich Zuffo, coordenador do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da USP e; Mariana Zanatta, coordenadora de Ambientes de Inovação e Empreendedorismo na Inova Unicamp para comporem o debate sobre o assunto.

A importância das universidades como agentes nos ecossistemas de inovação é um tema central no desenvolvimento tecnológico e econômico global. Este artigo aborda as contribuições das universidades nesse contexto, com base em um painel de debate que reuniu especialistas de diferentes instituições. As perguntas principais do painel foram sobre a jornada pessoal em gestão da inovação, o papel das instituições representadas, casos de sucesso, benefícios e desafios da colaboração com universidade.

Jornada Pessoal em Gestão da Inovação

Jamile Sabatini Marques 

Jamile Sabatini Marques, diretora de inovação e fomento na Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES) e do Think Tank, iniciou sua fala destacando a importância da integração entre empresas e academia para o desenvolvimento de políticas públicas eficientes. Com uma sólida formação acadêmica, incluindo pós-doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina, Jamile enfatizou que a ABES busca um Brasil mais digital e menos desigual. A ABES criou um Think Tank para debater e desenvolver melhores políticas públicas, envolvendo pesquisadores de diversas áreas tecnológicas.

Juliana Bonomi 

Juliana Bonomi, professora da FGV, tem um PhD em Management Science pela Lancaster University Management School. Ela destacou seu interesse pela colaboração em serviços intensivos em conhecimento, como desenvolvimento de software e engenharia. Juliana mencionou que, durante a pandemia, começou a focar mais na colaboração em ecossistemas de inovação. A FGV desenvolve ferramentas e pesquisas para promover a colaboração entre diferentes atores, visando o desenvolvimento do ecossistema como um todo.

Marcelo Zuffo 

Marcelo Zuffo, coordenador do Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da USP, compartilhou sua trajetória como engenheiro eletrônico. Zuffo participou de projetos estratégicos, como o desenvolvimento do primeiro sistema de realidade virtual imersivo no Brasil. Ele destacou que a inovação deve ser sistemática e focada no impacto, mencionando a criação de um supercomputador compacto e acessível como exemplo de desmaterialização e inovação exponencial.

Mariana Zanatta 

Mariana Zanatta, coordenadora na Inova Unicamp, falou sobre sua trajetória acadêmica e profissional. Com graduação em economia pela Unesp e doutorado em política científica e tecnológica pela Unicamp, Mariana trabalha no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Ela destacou o papel da universidade na formação de recursos humanos, geração de tecnologia e atração de empresas para a região, enfatizando a importância da interação entre universidade e mercado para a inovação.

Casos de Sucesso em Inovação

Com palavras iniciais de Jamile, ela compartilha que a ABES, em parceria com o Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA), tem realizado pesquisas em áreas como inteligência artificial, segurança cibernética e lei geral de proteção de dados. Sendo esta, uma colaboração que possibilita a criação de políticas públicas mais robustas e adaptadas às necessidades tecnológicas do país.

Em seguida, Juliana destacou a parceria da FGV com o AgTech Valley, onde diversos atores do ecossistema se uniram para fomentar a incubação e aceleração de startups, além de influenciar o marco regulatório junto ao governo. Esse esforço colaborativo resultou em um ecossistema mais forte e eficiente.

Em outro exemplo, Marcelo mencionou o desenvolvimento de ventiladores pulmonares durante a pandemia de COVID-19, um projeto que contou com a participação de mais de 400 voluntários e 1.200 doadores. Essa iniciativa demonstrou a importância da colaboração em ecossistemas de inovação, especialmente em momentos de crise.

Por fim, Mariana ressaltou o papel do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp na atração de empresas e no desenvolvimento de novas tecnologias. A cooperação entre a universidade e as empresas resultou em diversas inovações tecnológicas que beneficiaram tanto a academia quanto o mercado.

Benefícios e Desafios da Colaboração com Universidades

Benefícios

Acesso a recursos humanos qualificados: as universidades formam profissionais altamente qualificados, prontos para contribuir com o desenvolvimento tecnológico.

Desenvolvimento de tecnologia: a pesquisa acadêmica gera inovações que podem ser transferidas para o mercado, beneficiando diversas indústrias.

Ambiente de colaboração: universidades oferecem um espaço propício para a colaboração entre diferentes atores do ecossistema de inovação.

Desafios

Alinhamento de expectativas e tempo: o tempo de pesquisa na universidade pode ser diferente do ritmo acelerado do mercado, exigindo um alinhamento constante.

  • Procedimentos burocráticos: tanto nas universidades quanto nas empresas podem dificultar a colaboração.
  • Mindset e cultura organizacional: a diferença de cultura entre academia e mercado pode ser um obstáculo, exigindo esforços para alinhar objetivos e métodos.

Portanto, o painel destacou o papel crucial das universidades na promoção e sustentação da inovação tecnológica. As universidades oferecem recursos humanos qualificados, desenvolvem novas tecnologias e criam ambientes propícios para a colaboração. No entanto, desafios como burocracia e alinhamento de expectativas precisam ser superados para maximizar os benefícios da colaboração. Os formatos e canais de contato para colaboração variam entre as instituições, mas todas estão abertas a novas parcerias que promovam a inovação e o desenvolvimento tecnológico: contate a ABES, a FGV, o Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas da USP e a Inova Unicamp.

A discussão do painel mostrou que a colaboração entre universidades e outros atores do ecossistema é fundamental para impulsionar a inovação e criar soluções tecnológicas avançadas. Essa sinergia é essencial para o desenvolvimento econômico e para enfrentar os desafios tecnológicos do futuro.