Caso de sucesso da Caixa: Inovando em uma Empresa Centenária

Caso de sucesso da Caixa: Inovando em uma Empresa Centenária

Lucas Zaccaro, Gerente de Inovação na Gerência Nacional de Inovação da CAIXA, economista formado pela USP, com MBA em Gestão de Projetos (USP), MBA em Gestão, Empreendedorismo e Marketing (PUC-RS), Especialista em Finanças, Investimentos e Banking (PUC-RS), deixou os números e as teorias econômicas de lado quando se apaixonou por inovação. Vencedor de dois concursos de inovação na CAIXA, hoje está liderando a implantação do Sandbox na empresa, um ambiente de experimentação e está atuando em frentes de capacitação voltadas à inovação dentro da CAIXA.

 

O Desafio de Inovar em uma Empresa Centenária

Inovar dentro de uma organização com mais de 160 anos de história é um desafio enorme. A Caixa Econômica Federal, uma das maiores instituições financeiras do Brasil, está passando por uma transformação significativa, e Lucas, economista formado pela USP e com vasta experiência em gestão e finanças, é uma das forças motrizes por trás dessa mudança.

Lucas, que lidera a implantação do Sandbox da Caixa, destacou a importância de criar um ambiente de experimentação dentro da empresa. Segundo ele, a inovação não se trata apenas de tecnologia, mas sim de processos, cultura e, principalmente, de pessoas. Durante sua apresentação, ele compartilhou como a Caixa está utilizando o conhecimento coletivo de seus 87 mil funcionários para gerar valor para seus clientes e para a sociedade.

 

O Case do Sandbox Caixa

O Sandbox Caixa é um ambiente controlado onde os funcionários podem testar novas ideias e processos sem as restrições normativas tradicionais. Lucas explicou que a Caixa, por ser uma empresa governamental e altamente regulada, sempre precisou provar que algo funcionava antes de implementá-lo. Com o Sandbox, essa lógica é invertida: agora, as ideias podem ser experimentadas e, somente após serem validadas, são escaladas para o portfólio de produtos e serviços da Caixa.

Um dos principais diferenciais do Sandbox é a possibilidade de flexibilização de normas internas. Se um funcionário tiver uma ideia inovadora que envolva a quebra de algum regulamento atual, ele pode solicitar uma flexibilização para realizar seu experimento. Isso é algo revolucionário dentro da Caixa, onde nunca antes houve um normativo que permitisse tal flexibilidade.

Lucas também ressaltou a importância do erro inteligente no processo de inovação. Pela primeira vez, a Caixa estabeleceu limites de tolerância ao erro e ao risco em seus normativos. Isso significa que, dentro de determinados parâmetros, os funcionários podem falhar sem medo de repercussões negativas para suas carreiras. Mais do que isso, eles são incentivados a documentar e compartilhar os aprendizados adquiridos com esses erros, criando um ciclo contínuo de melhoria e inovação.

Para lidar com a grande quantidade de ideias geradas pelos funcionários, a Caixa se associou ao Transform<IT>, uma solução de inteligência artificial que ajuda a transformar ideias em experimentos estruturados. Através da plataforma, os funcionários podem conversar com a IA, que os guia em perguntas chave como quais áreas da Caixa são impactadas pela ideia, quais riscos estão envolvidos e como a ideia se alinha aos objetivos estratégicos da instituição.

Essa ferramenta gera um documento que resume a proposta do experimento, facilitando o acompanhamento e a gestão de todos os experimentos em andamento. Desde o lançamento do primeiro edital do Sandbox, mais de 70 experimentos já foram submetidos e estão sendo testados.

 

Conexão com Startups e o Ecossistema de Inovação

Além de incentivar o intraempreendedorismo, o Sandbox Caixa também está conectado a um ecossistema mais amplo de inovação. A Caixa já realizou três chamadas de startups, uma modalidade especial de licitação onde a empresa lança desafios ao mercado e startups podem apresentar suas soluções inovadoras. Através dessas chamadas, a Caixa pode investir até R$1,6 milhão em cada projeto, colaborando para o desenvolvimento de novas soluções.

Outra parceria importante é com a CESAR, do Recife, uma das principais instituições de inovação do Brasil. Através dessa colaboração, a Caixa está acelerando projetos específicos e alavancando o desenvolvimento de novas ideias.

 

Mudando a Cultura da Caixa

Um dos principais objetivos do Sandbox é promover uma mudança cultural dentro da Caixa. O processo de experimentação está sendo introduzido como uma prática aceita e incentivada, suportada por uma governança que permite a inovação de forma segura e eficiente. Isso inclui desde capacitações internas para ensinar os funcionários sobre a cultura de experimentação até a criação de normativos que protegem aqueles que se dispõem a testar novas ideias.

O desafio agora é escalar esse modelo para todos os 87 mil funcionários da Caixa. Lucas explicou que, inicialmente, o Sandbox foi aberto para cerca de 4 mil empregados, mas a expectativa é expandir para toda a organização após a validação do modelo.

A transformação da Caixa através do Sandbox é um exemplo claro de como a inovação pode ser implementada mesmo em empresas grandes e tradicionais. O case mostra que, com os processos e a cultura certos, é possível criar valor significativo para clientes e para a sociedade, ao mesmo tempo em que se aproveita o conhecimento coletivo de milhares de pessoas.

Essa mudança de paradigma, que incentiva o erro inteligente e a experimentação, promete manter a Caixa relevante e competitiva pelos próximos 163 anos. É uma jornada desafiadora, mas, como Lucas demonstra, uma jornada repleta de oportunidades para transformar a forma como a Caixa opera e atende seus clientes.