Agenda de Inovação do Brasil: Insights do Startup Summit 2024
Durante o Startup Summit 2024, Rodrigoh Henriques, Diretor de Inovação da Fenasbac (Federação Nacional das Associações dos Servidores do Banco Central), trouxe reflexões sobre a agenda de inovação do Brasil, com destaque para o impacto no sistema financeiro.
A Fenasbac presta serviços à comunidade do Banco Central, com 10 filiadas e representações regionais em todas as capitais onde o Banco Central do Brasil está presente. Essa atuação faz da Fenasbac uma instituição sólida, comprometida em gerar benefícios e promover a inovação entre os servidores do Banco Central.
Henriques destacou que os dois pilares fundamentais da inovação são energia e informação. Esses são os motores que movem as grandes revoluções e definem o mundo de hoje. Ele ressaltou ainda o papel das “3 Às que mudaram o mundo”: Ásia, Abundância e Automação. A visão de que não vivemos mais em um mundo de escassez é um ponto de virada importante para entender as novas dinâmicas globais.
Cenários de Inovação
Segundo Rodrigoh, para compreender a inovação, é crucial entender o cenário em que uma empresa, setor ou sociedade se encontra. Ele apresentou a Teoria Cynefin, que identifica cinco cenários de inovação:
Claro: Situação onde há padrões definidos e procedimentos claros. A única forma de agregar valor é escalando o que já foi criado.
Complicado: Requer especialistas que compreendem as relações de causa e efeito. Neste cenário, análise e prescrição são fundamentais, baseadas em conhecimento estabelecido.
Complexo: Quando os especialistas discordam e o conhecimento de uma única área não é suficiente. Boards de decisão, com diversidade de conhecimento e contexto, tornam-se essenciais para uma tomada de decisão coletiva e eficiente. A inovação real muitas vezes surge nesse cenário.
Caótico: Cenário de disrupção, como o vivenciado na pandemia. Neste ambiente, as respostas rápidas são necessárias, mesmo que falhas sejam inevitáveis. A mentalidade aqui é “agir e depois entender”.
Confuso: O pior de todos os cenários, onde não se sabe em qual dos outros quatro está. Sem clareza, é impossível avançar até que o contexto seja compreendido.
Henriques destacou que a inovação consiste em prever ou criar o futuro, baseando-se no que conseguimos enxergar e entender no presente.
O Impacto no Sistema Financeiro e a Sociedade Digital
A palestra também trouxe uma reflexão sobre o sistema financeiro e sua interdependência com o sistema econômico e social. No contexto atual, a sociedade é impulsionada por uma alta capacidade de processamento e conectividade, com uma baixa alocação de atenção, devido ao excesso de informações. Um exemplo prático é o uso do PIX, que tornou possível realizar transações até em um avião, reforçando que o banco não é mais um lugar que se visita, mas algo que se faz em qualquer lugar e a qualquer momento.
A pandemia acelerou ainda mais essa transformação. Empresas que adotaram o WhatsApp como canal de vendas sobreviveram e até compraram outras que não haviam inovado. Esse cenário digital, que já existe há 20 anos e continua a evoluir, redefine as relações em todos os setores.
Henriques observou que a sociedade da informação, que começou com o telégrafo e evoluiu para o blockchain, está mudando a vida cotidiana. O blockchain, por exemplo, resolve problemas de confiança na comunicação por meio da criptografia e redes distribuídas (DLT), reinventando a contabilidade ao eliminar a necessidade de conciliação de dados.
Oportunidades para o Brasil
Uma das boas notícias é que o Brasil está em uma posição geopolítica favorável, sendo capaz de produzir alimentos e energia limpa de forma autônoma. Além disso, o país também está avançando na camada de informação, com iniciativas como o Real Digital, que aborda questões de inovação financeira.
Para Henriques, o Brasil volta a ser visto como “o país do futuro”. No entanto, para aproveitar essa oportunidade, é necessário entender o papel do regulador no setor, já que ele altera as regras do jogo e define o novo tabuleiro de inovação.
Foco no Ecossistema de Inovação
O diretor de inovação também destacou a importância de investir em ecossistemas de inovação. Ele citou Santa Catarina como o estado com o ecossistema mais organizado do Brasil, e a Acate como exemplo de uma associação que faz um trabalho exemplar nesse sentido.
Por fim, Henriques deixou três perguntas-chave para as corporações que buscam aproveitar momentos de complexidade e caos:
Contexto: Como aproveitar os momentos de complexidade e caos para inovar?
Setores: Qual camada de energia ou informação está sendo alterada em seu setor?
Academia e Reguladores: Como sua empresa contribui com o regulador e a academia para a produção de conhecimento?
O futuro da inovação já está sendo construído, e o Brasil tem uma posição única para se destacar nessa jornada. Para as empresas que desejam ser protagonistas, é fundamental entender o cenário, colaborar com o ecossistema e aproveitar as oportunidades que a inovação aberta pode oferecer.