Curva de Maturidade para Inovar: Como Evoluir no Timing Certo
A inovação não acontece da mesma forma para todas as empresas. Algumas já nascem inovadoras, enquanto outras precisam superar desafios estruturais e culturais para avançar. Mas será que há um caminho único para amadurecer nesse processo? Ou cada organização deve encontrar seu próprio ritmo? Para responder a essas perguntas, conversamos com Luis Frade, especialista em P&D, inovação e investimento anjo, com vasta experiência em empresas como Eletronorte, Eletrobras e no ecossistema de startups. Ele também é o idealizador e co-autor da obra “A História da Inovação no Brasil – Desafios e Oportunidade”.
Os Diferentes Estágios da Maturidade para Inovar
Luis Frade destaca que as empresas podem ser classificadas em pelo menos três níveis de maturidade em inovação:
- Iniciais – A inovação ainda não está estruturada, mas há um grupo de “advogados da inovação” tentando impulsionar o tema dentro da empresa. Normalmente, a alta liderança ainda não comprou a ideia.
- Intermediárias – A empresa começa a estruturar processos, já há um pequeno time dedicado à inovação e fluxos de ideias surgem, mas a governança ainda é incipiente.
- Maturidade Alta – A inovação está no plano estratégico, conta com um comitê ou conselho específico, estrutura, processos, métricas definidas e orçamento próprio. Além disso, a organização já trabalha com inovação aberta e parcerias externas.
O ponto chave? A inovação precisa sair do papel e contar com investimento real para se tornar efetiva.
Como Diagnosticar o Nível de Maturidade da Empresa?
Existem várias metodologias para avaliar a maturidade da inovação, como o Innovation Maturity Model, o Radar de Inovação, o Octógono e até normas como a ISO 56002.
Um dos modelos que Luis mais gosta está descrito no livro “Inovação – Prioridade No. 1” de Rowan Gibson e Peter Skarzynsky de 2008.
Ainda segundo Frade, um modelo clássico ainda é muito eficiente: a matriz SWOT. Ao avaliar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, é possível entender onde a empresa se encontra e quais são os próximos passos necessários para avançar.
Além disso, ele destaca quatro fatores essenciais para um diagnóstico completo:
- Liderança e Organização: Existe apoio da alta gestão? A inovação é estimulada ou apenas discurso?
- Estrutura Formal: Há processos claros para geração e desenvolvimento de ideias?
- Pessoas e Cultura: Os colaboradores estão preparados para inovar? Existe um mindset de experimentação?
- Recursos e Métricas: A empresa mede o impacto da inovação e tem orçamento dedicado?
Timing e Cultura: Existe o Momento Certo para Inovar?
Nem sempre inovar rápido é a melhor escolha. Empresas de setores altamente regulados ou de tecnologia mais estável (como energia) têm ciclos de inovação mais longos. Já setores como tecnologia e varejo precisam de adaptação constante para acompanhar as mudanças do mercado.
Frade alerta que muitas empresas seguem modismos sem entender se determinada inovação faz sentido para elas. Um exemplo recente foi o boom de Corporate Venture Capital (CVC), com diversas empresas entrando na onda sem preparo suficiente, resultando no fechamento prematuro de iniciativas.
Portanto, o segredo está em alinhar inovação com estratégia de negócios e timing de mercado.
Casos Reais: Empresas que Dominaram sua Curva de Maturidade
- Brasilata: Empresa inovadora no setor de latas de tinta que criou um sistema de reconhecimento de ideias internas. Funcionários cujas ideias viram produtos recebem participação nos lucros. Essa cultura consolidada ajudou a empresa a crescer e se manter competitiva.
- Embraer: Sempre focada em jatos comerciais e executivos, a empresa investe continuamente em inovação de longo prazo. Seu planejamento estratégico levou ao desenvolvimento de aeronaves mais eficientes e, mais recentemente, à aposta em veículos elétricos voadores.
Como Acelerar a Curva de Amadurecimento da Inovação?
Embora cada empresa tenha seu ritmo, algumas ações ajudam a acelerar a maturidade da inovação:
- Patrocínio Executivo: Ter um líder que apoie e defenda a inovação dentro da organização.
- Estruturar Processos: Criar mecanismos claros para geração, desenvolvimento e implementação de ideias.
- Medir e Ajustar: Criar métricas para avaliar o impacto das iniciativas.
- Promover Cultura de Inovação: Incentivar experimentação e aprendizado contínuo.
- Olhar para o Mercado: Benchmarking constante para identificar tendências e oportunidades.
Uma jornada contínua
A inovação não é um destino final, mas um processo contínuo de aprendizado e adaptação. Empresas bem-sucedidas não apenas investem em tecnologia, mas também estruturam processos, envolvem pessoas e criam um ambiente propício para experimentação.
Como Frade destaca, “inovação sem dinheiro fica no papel”, mas mais do que orçamento, é preciso ter resiliência, visão de longo prazo e um ambiente que permita que a inovação aconteça de verdade.
Agora, a pergunta que fica é: em qual estágio sua empresa está e o que pode ser feito para avançar na curva de maturidade?
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