O Futuro dos Modelos de Negócio na Era da IA: O Que Vem Depois?

Desafios, riscos e oportunidades para empresas que querem se manter relevantes com a revolução da inteligência artificial.
Anderson Rocha está classificado entre os 2% melhores entre os cientistas mais influentes do mundo, de acordo com estudos recentes da Research.com e Stanford/PlosOne. É IEEE Fellow, Microsoft Research e Google Research Faculty Fellow. Professor de Inteligência Artificial e Forense Digital no Instituto de Computação da Unicamp, é o coordenador do Laboratório de Inteligência Artificial, Recod.ai. Anderson atua como advisor da MatchIT e outras empresas que buscam transformar seus modelos de negócio por meio da tecnologia. Com uma visão estratégica, ele acompanha de perto as mudanças no mercado de IA e suas implicações para negócios de diferentes setores.
Este artigo sintetiza uma conversa com Anderson, trazendo reflexões sobre o impacto da IA nos modelos de negócio e como empresas podem se posicionar diante dessa revolução.
A Disrupção Inevitável: Como a IA Está Redefinindo a Tecnologia
A inteligência artificial (IA) está se tornando o novo alicerce dos negócios, mas o ritmo de evolução da tecnologia traz riscos e oportunidades. O mercado está vendo uma explosão de startups e novas aplicações de IA, desde modelos generalistas até soluções hiper-especializadas.
Segundo Anderson Rocha, a maior armadilha para empresas é apostar em tecnologias passageiras sem uma estratégia clara. Modelos generalistas como os da OpenAI já são poderosos o suficiente para muitas aplicações, mas a verdadeira vantagem competitiva está em como a IA é integrada aos processos de cada empresa. Empresas que não estruturarem bem suas apostas tecnológicas correm o risco de ver suas soluções tornarem-se irrelevantes rapidamente.
Afinal, a pergunta-chave não é “Qual IA devo usar?”, mas sim “Como minha empresa pode gerar valor de forma única com IA?”
O SaaS Vai Sumir ou Evoluir?
A fala de Satya Nadella sobre a IA eliminar a necessidade de SaaS tradicionais gerou questionamentos sobre o futuro desse modelo de negócio. Anderson Rocha explica que, embora a IA vá transformar o SaaS, isso não significa que ele deixará de existir.
A mudança está no valor agregado: soluções que apenas armazenam e gerenciam dados sem agregar inteligência estratégica podem perder relevância. Por outro lado, SaaS que incorporam IA para oferecer insights acionáveis e automação inteligente terão um papel ainda mais forte no mercado.
Exemplo disso são soluções que antes exigiam conhecimento técnico para criar filtros e relatórios complexos. Hoje, a IA permite que qualquer usuário faça perguntas em linguagem natural e obtenha respostas sofisticadas. O diferencial competitivo estará em oferecer ferramentas que não só organizam dados, mas que ajudam empresas a tomar decisões estratégicas com base neles.
Startups de IA: Quem Sobrevive e Quem Desaparece?
A ascensão de novas startups de IA é um fenômeno que atrai tanto investidores quanto céticos. Rocha alerta que muitas startups surgem sem um modelo de negócios sustentável e sem uma proposta de valor diferenciada. “Muitas estão apenas adicionando camadas sobre modelos já existentes, sem inovação real”, destaca.
A taxa de mortalidade dessas empresas será alta, especialmente para aquelas que apenas replicam funcionalidades dos grandes modelos de IA. Empresas que criam valor a partir da especialização e da customização inteligente têm maiores chances de sobrevivência. Startups que integram IA para resolver problemas específicos e críticos para o mercado – em vez de simplesmente oferecer interfaces para ChatGPT – estarão mais bem posicionadas.
Outro ponto importante é a adaptação ao longo do tempo. Modelos generalistas evoluem rápido, e soluções que não acompanham essa transformação podem se tornar obsoletas rapidamente. A IA consultiva e a personalização profunda podem ser diferenciais essenciais para startups que desejam criar valor sustentável.
Muito Além da Automação: IA Consultiva e o Futuro dos Negócios
Ao contrário da visão simplista de que a IA substituirá empregos e processos humanos, Rocha acredita que o futuro está na IA consultiva – um modelo que não apenas executa tarefas, mas melhora a capacidade de decisão das empresas e o pensamento crítico das pessoas.
A MatchIT aposta nesse conceito, oferecendo soluções de IA que ajudam as empresas a estruturar ideias, avaliar riscos e validar oportunidades de inovação. O diferencial não está em gerar respostas automáticas, mas em estimular pensamento crítico e acelerar o amadurecimento das decisões estratégicas.
Uma das vantagens desse modelo é sua capacidade de aprendizado contínuo. Diferente de ferramentas estáticas, uma IA consultiva pode evoluir conforme interage com as necessidades da empresa e seus desafios específicos. Em um mundo onde a mudança é constante, essa abordagem permite que organizações se adaptem de forma mais ágil e assertiva.
O Que Aprendemos? Para Onde Vamos?
A IA já não é mais um diferencial – é um requisito para empresas que querem se manter competitivas. Mas a forma como ela é implementada faz toda a diferença.
O grande desafio não é apenas adotar IA, mas fazê-lo de maneira inteligente e estratégica. Empresas que focarem apenas na tecnologia, sem entender como ela gera valor real para o cliente, correm riscos sérios de obsolescência.
Se há algo claro sobre o futuro dos modelos de negócio na era da IA, é que ele será dinâmico, especializado e cada vez mais orientado por inteligência ampliada. As empresas que conseguirem integrar essa tecnologia sem perder de vista o pensamento crítico e a inovação contínua serão as verdadeiras vencedoras dessa revolução.