Ajustes entre Conhecimento de Mercado, Estratégias de Inovação e Performance: Reflexões entre Curto e Longo Prazo

Ajustes entre Conhecimento de Mercado, Estratégias de Inovação e Performance: Reflexões entre Curto e Longo Prazo

Simone Didonet é doutora em Administração pela UFMG, com passagens de pesquisa na Universidad Autónoma de Barcelona (Espanha) e na Norwich Business School (Reino Unido), onde estudou estratégias de supply chain e marketing em pequenas empresas. Atualmente, é Professora Associada e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Administração da UFPR, desenvolvendo pesquisas em estratégias de marketing e inovação, com foco em PMEs. Seus estudos abordam adoção de tecnologias em PMEs, estratégias de marketing e inovação em cadeias de valor globais e sistemas de marketing. 

 

A compreensão dos ajustes necessários entre conhecimento de mercado, estratégias de inovação e performance organizacional é essencial para alinhar decisões de curto e longo prazo. Para entender o retorno sobre investimento (ROI) em inovação, é necessário voltar ao ponto inicial: o conhecimento de mercado que inclui a orientação para o cliente e para os concorrentes, sendo sustentado por práticas constantes de monitoramento e acompanhamento. O constante monitoramento e a coordenação organizacional a partir deste acompanhamento de mercado são aspectos que fundamentam estratégias de inovação mais sólidas, que podem se manifestar tanto em produtos (bens e serviços) quanto em processos como marketing, vendas, sistemas de informação, administração e desenvolvimento organizacional. 

Segundo o Manual de Oslo (2018), inovação é toda mudança significativa em produtos ou processos anteriores da empresa. A novidade pode variar em escala – pode ser nova apenas para a empresa, para o mercado onde a empresa ou, ainda, para toda a sociedade.  Além disso, a inovação precisa carregar potencial para transformar o mercado e melhorar a competitividade da organização. 

Na tomada de decisão estratégica, uma distinção importante é entre inovação exploratória (exploration) e exploitativa (exploitation), sendo a primeira focada na entrada em novos mercados e está associada à inovação radical, com ganhos em longo prazo, já a segunda concentra-se em aprimorar o que já existe, priorizando ganhos incrementais no curto prazo; ambas são influenciadas por fatores como a orientação para o mercado, capacidade tecnológica e estratégica, e também pelas dinâmicas do ambiente competitivo. 

Ademais, estudos indicam que a orientação para o mercado influencia positivamente tanto as estratégias exploratórias quanto explicativas e, quando mediadas por essas estratégias, o conhecimento de mercado tem impacto direto na performance organizacional. Também, capacidades de inovação – como desenvolvimento de novos produtos, tecnologia e estratégias – afetam positivamente o desempenho em exportações, especialmente quando alinhadas a uma orientação voltada ao mercado externo. 

Por fim, a integração entre conhecimento de mercado e estratégias de inovação precisa considerar o tipo de inovação, o tempo de maturação e o impacto esperado, pois o equilíbrio entre ações de curto e longo prazo é essencial, e modelos híbridos, como os propostos nas pesquisas e práticas destacadas, oferecem caminhos viáveis para maximizar a performance organizacional sem perder de vista a transformação necessária em tempos de mudança acelerada.