Inovação Digital no Agro

Inovação Digital no Agro

Confira a entrevista com Wagner Tadeu, executivo especialista em inovação, COO da MAQ33, com uma jornada profissional inovadora no agronegócio. De um estágio na NASA até liderar transformações digitais na Philco e no Grupo Pão de Açúcar, Wagner trilhou um caminho impressionante, culminando na fundação da Store Automação, onde revolucionou a logística com o primeiro WMS brasileiro. Nos últimos dez anos, sua paixão pelo agronegócio o levou a explorar a inovação tecnológica nesse setor, aplicando a metodologia das startups para desenvolver soluções eficazes.

 

A jornada de Wagner Tadeu na inovação e no agronegócio

Wagner Tadeu, atualmente o COO da MAQ33, tem uma trajetória profissional notável, marcada por uma constante evolução e adaptação às demandas do mercado de tecnologia e inovação. Sua carreira começou nos anos 80, quando, após concluir a engenharia aeronáutica, teve a oportunidade de realizar um estágio na NASA através de um programa da Ford, o que representava na época o auge do currículo de um jovem profissional. Ao retornar ao Brasil, Wagner foi contratado pela Ford, onde começou sua jornada na área de tecnologia.

Sua passagem pela Philco, então parte do Grupo Ford, foi um ponto crucial em sua carreira, onde ele foi responsável por implementar a transformação digital da empresa. Esta experiência o levou a se envolver profundamente com a tecnologia, não como um mero executor, mas como um inovador e estrategista. Posteriormente, Wagner Tadeu teve a oportunidade de trabalhar na Whirlpool, que administrava a Brastemp na época, onde ele fez a ponte de tecnologia entre os Estados Unidos e o Brasil.

Uma etapa significativa em sua carreira foi a experiência no Grupo Pão de Açúcar (GPA), onde ele dirigiu a tecnologia do grupo e viveu o auge do varejo brasileiro nos anos 90. Sua experiência internacional se expandiu com projetos em Portugal, o que lhe deu uma visão global do setor de tecnologia aplicada ao varejo e à indústria.

Em um movimento estratégico, Wagner fundou a Store Automação no início dos anos 90, focando na implementação de tecnologia na área de logística. Essa decisão demonstrou sua habilidade em antecipar tendências e necessidades do mercado, especialmente no campo da logística, que na época começava a ganhar destaque no Brasil. Sob sua liderança, a empresa desenvolveu inovações significativas, incluindo o primeiro Warehouse Management System (WMS) brasileiro.

Nos últimos dez anos, Wagner se apaixonou pelo setor agrícola, vendo o potencial de inovação e tecnologia na cadeia de suprimentos do agronegócio. Sua abordagem, influenciada pela metodologia das startups, enfocou em soluções específicas para problemas do setor, antes, durante e após a produção agrícola. A rica trajetória de Wagner, que abrange mais de três décadas de experiência direta com inovação, o posiciona como uma voz autoritária no cenário da inovação digital, especialmente no contexto do agronegócio.

 

Características da inovação na cadeia de valor no agronegócio brasileiro

O agronegócio brasileiro vive um momento crucial de transformação, impulsionado pela inovação digital em toda a sua cadeia de valor. Desde os fornecedores de insumos até as oportunidades de exportação, a digitalização está remodelando como o agronegócio opera. A inovação começa no início da cadeia, com fornecedores de insumos, onde já se observa um avanço significativo. Startups têm desempenhado um papel vital, desenvolvendo novas tecnologias e conquistando reconhecimento internacional. Este progresso é o resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento em laboratórios, muitas vezes em colaboração com universidades e com parceiros estratégicos, como a EMBRAPA.

A digitalização também transformou a vida dos produtores rurais, que agora estão mais conectados do que nunca. O uso de smartphones e aplicativos específicos para o agronegócio se tornou comum, facilitando o acesso a informações e novas tecnologias. As cooperativas e sindicatos têm um papel crucial nessa disseminação de conhecimento. Interessantemente, uma nova geração de produtores, que havia deixado o campo para buscar educação, está retornando, trazendo consigo novas perspectivas e um entendimento da importância da inovação digital no setor.

Entretanto, apesar dos avanços, ainda existem desafios significativos, especialmente na logística. O armazenamento e a expedição são pontos críticos que necessitam de investimentos e inovações. Embora a indústria de transformação e as exportações estejam avançando, com empresas brasileiras expandindo globalmente, a infraestrutura logística ainda requer melhorias substanciais, particularmente em armazenagem e transporte.

O Brasil, um país de proporções continentais, enfrenta o desafio de modernizar sua infraestrutura logística para suportar a demanda crescente. Investimentos em modalidades multimodais, como ferrovias, hidrovias e transportes marítimos, são essenciais para aumentar a eficiência e reduzir custos. O potencial de portos subutilizados, especialmente no Nordeste, perto da Europa, representa uma oportunidade notável para melhorar a competitividade nas exportações.

De forma geral, o setor está pronto para mais inovações e investimentos, que serão cruciais para manter e melhorar sua posição no mercado global.

 

Oportunidades e otimização de resultados com inovação digital no agro

A maturidade digital no setor agrícola brasileiro apresenta um cenário diversificado, com algumas áreas mostrando avanços significativos e outras ainda em estágios iniciais de transformação digital. Especificamente, a logística e a gestão na produção rural são identificadas como as áreas com maior potencial para inovação digital. A experiência de Wagner em grandes corporações, como o Grupo Pão de Açúcar (GPA), pode oferecer insights valiosos sobre os benefícios esperados da digitalização tanto na produção agropecuária quanto na logística de distribuição. Confira alguns tópicos destacados por ele:

  • Gestão de Produção Rural:
      • Falta de sistemas de gestão adaptados às necessidades dos pequenos produtores.
      • Necessidade de ferramentas para gestão financeira, inventário e análise de dados.
  • Transformação de Dados em Decisões Estratégicas:
      • Desafio em converter dados sobre solo, clima, etc., em informações úteis.
      • Oportunidade para desenvolvimento de análises avançadas e sistemas de suporte à decisão.
  • Acesso e Uso de Maquinário:
      • Modelo de compartilhamento de máquinas (exemplo da MAQ33) como solução para acesso a equipamentos de alta tecnologia.
      • Necessidade de treinamento para operação de maquinário avançado.
  • Integração das Gerações:
      • Adaptação de tecnologias para servir tanto às gerações mais experientes quanto aos jovens produtores.
      • Fomento da digitalização através da inclusão e capacitação de todas as faixas etárias.

 

Principais ganhos com a digitalização do agro

A evolução digital do setor com a implantação de inovações tem forte potencial para otimizar resultados em diferentes aspectos dos negócios, dentre eles:

Eficiência Operacional

  • Melhoria na gestão de recursos, reduzindo desperdícios e otimizando o uso do maquinário.
  • Aumento da produtividade através do uso eficiente de dados e tecnologia.

Tomada de Decisão Aprimorada

  • Capacidade de tomar decisões informadas baseadas em análises de dados precisas e atualizadas.
  • Redução de incertezas e riscos através de previsões mais precisas sobre clima, solo e outros fatores críticos.

Redução de Custos

  • Diminuição de gastos com maquinário através de modelos de compartilhamento.
  • Gestão financeira mais eficiente levando a uma economia de custos operacionais.

Aumento da Competitividade

  • Melhoria na qualidade dos produtos e serviços oferecidos.
  • Posicionamento mais forte no mercado nacional e internacional devido à maior eficiência e qualidade.

 

Superando desafios e barreiras à transformação digital no agronegócio

A jornada para a transformação digital no agronegócio brasileiro não está livre de desafios e barreiras. Embora haja um reconhecimento crescente da importância da digitalização, diversos obstáculos ainda precisam ser superados para uma implementação eficaz e abrangente.

Principais Desafios e Barreiras:

  • Conectividade e Infraestrutura de Comunicação:

Áreas rurais frequentemente enfrentam problemas de baixa conectividade, dificultando a adoção de soluções que requeiram atualização de dados em tempo real ou consumo de grandes volumes de banda para transmissão de informações. Esforços para ampliar o acesso à internet de alta velocidade, são cruciais, mas o progresso é lento, especialmente devido à ampla extensão territorial do Brasil.

  • Custos e Margens de Lucro:

O agronegócio opera com margens de lucro relativamente estreitas. Investir em múltiplas soluções digitais simultaneamente pode não ser viável para muitos produtores, especialmente os de pequeno porte. A adoção digital deve considerar o retorno sobre o investimento e os benefícios a longo prazo, equilibrando custos e eficiência.

  • Modelo de Negócio e Fluxo de Caixa:

O setor agrícola tem um modelo de negócio único, com fluxos de caixa que variam de acordo com as safras e condições de mercado. Soluções digitais precisam ser adaptadas a este modelo, oferecendo flexibilidade e compreensão das dinâmicas financeiras do setor.

  • Sensibilização e Conhecimento sobre Tecnologia: 

Existe uma vontade crescente de adotar tecnologias, mas ainda há necessidade de maior sensibilização e educação sobre as possibilidades e benefícios da digitalização. A resistência não é tanto uma barreira quanto a falta de compreensão ou capacidade de implementar soluções devido a limitações financeiras ou técnicas. 

Para superar esses desafios, é essencial uma abordagem multifacetada que inclua melhorias na infraestrutura de conectividade, modelos de negócios adaptáveis, sensibilização e educação tecnológica, além do apoio contínuo de cooperativas e outras organizações do setor.  As cooperativas desempenham um papel fundamental na adoção de tecnologia no agronegócio, oferecendo suporte, informação e recursos. Eventos que opera como dias de campo e workshops são essenciais para promover o diálogo e a difusão de conhecimento sobre novas tecnologias.

A transformação digital no agronegócio é não apenas sobre adotar novas tecnologias, mas também sobre adaptá-las às realidades específicas do campo, garantindo que sejam acessíveis, viáveis e benéficas para todos os envolvidos.

 

Dicas adicionais para quem busca inovar no agro

Para profissionais e empresas do agronegócio que buscam inovar e superar desafios na digitalização, algumas estratégias e dicas podem ser fundamentais. A transformação digital no setor agrícola não é apenas sobre implementar tecnologia, mas também sobre abordar os desafios com soluções inteligentes e adaptativas. Confira algumas dicas providas por Wagner:

  • Começar em escala regional:

O agronegócio brasileiro é vasto, portanto, iniciar a digitalização em uma escala regional pode ser mais eficaz. Focar em áreas específicas permite uma validação mais precisa e a construção de confiança com os produtores locais.

  • Construir confiança com os produtores:

A confiança é um componente crucial no setor agrícola. As soluções precisam ser validadas na prática para ganhar a confiança dos produtores. Uma abordagem prática e transparente é essencial para criar relacionamentos duradouros com os agricultores.

  • Aproveitar o potencial da economia compartilhada:

Modelos de negócios baseados na economia compartilhada, como a partilha de maquinário, podem ser uma solução eficaz para superar barreiras financeiras. Essa abordagem ajuda a reduzir custos e aumentar a acessibilidade a equipamentos caros.

  • Focar na solução de problemas reais:

Identificar e resolver problemas específicos do setor pode levar a soluções mais eficazes e bem recebidas. Iniciativas como a utilização de inteligência artificial para otimizar o uso de equipamentos agrícolas são exemplos de soluções orientadas para problemas reais.

  • Promover a colaboração e compartilhamento de conhecimento:

Encorajar a colaboração entre agricultores, empresas e entidades do setor pode acelerar a adoção de novas tecnologias. Compartilhar conhecimentos e experiências ajuda a criar um ecossistema mais robusto e inovador no agronegócio.

  • Integrar novas tecnologias com práticas existentes:

A integração de tecnologias digitais com as práticas agrícolas existentes deve ser feita de maneira que respeite e aprimore os métodos tradicionais. É importante garantir que as soluções tecnológicas sejam acessíveis e compreensíveis para os agricultores de todas as gerações.

  • Ter atenção às necessidades específicas do setor:

Compreender as necessidades específicas do agronegócio, como as variações de fluxo de caixa e os ciclos de safra, é crucial para desenvolver soluções eficazes. Oferecer modelos de negócios e soluções tecnológicas adaptáveis às realidades do setor pode ser um diferencial.

Ao concentrar esforços nessas áreas, profissionais e empresas podem encontrar caminhos mais efetivos para superar desafios e aproveitar as oportunidades de digitalização no setor agrícola.

 

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Confira a entrevista na íntegra: