Transformação, Inovação e Valor: A Jornada da Copel rumo à Excelência Sustentável

Transformação, Inovação e Valor: A Jornada da Copel rumo à Excelência Sustentável

Leandro Foltran é um profissional com mais de 20 anos de experiência no setor elétrico atuando nas áreas operacional, técnica, gestão de ativos e pesquisa, desenvolvimento e inovação. Já participou de projetos que envolvem a implementação de novas tecnologias, análise financeira, iniciativas voltadas à transformação digital e lançamento de produtos. Possui formação em Engenharia Elétrica pela UTFPR e pós-graduação em Engenharia de Manutenção pela PUCPR. 

Transformação, Inovação e Valor: A Jornada da Copel rumo à Excelência Sustentável 

Em um cenário de constante transformação no setor elétrico, a Copel (Companhia Paranaense de Energia) tem se destacado por sua capacidade de adaptação, inovação e geração de valor. Em 2023, a companhia passou por uma mudança significativa em sua estrutura: deixou de ser uma empresa de economia mista para se tornar uma corporação com capital diluído na bolsa de valores, essa transição impactou diretamente sua estratégia de negócios e as iniciativas de inovação. 

Presente em 10 estados brasileiros, a Copel opera em quatro frentes: geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia. A divisão de Geração e Transmissão, foco desta análise, administra 62 usinas, sendo todas de fonte 100% renovável – majoritariamente hidrelétricas e eólicas – após a retirada das térmicas do portfólio, além disso, com mais de 10.000 km de linhas de transmissão e 41 subestações próprias, a empresa reafirma seu compromisso com a sustentabilidade e a infraestrutura energética nacional. 

 

Certificação ISO de Inovação: um Marco Global 

Um dos marcos mais recentes da Copel foi a conquista da certificação ISO de Gestão da Inovação (ISO 56002) em fevereiro sendo que a norma, publicada em 2022, estrutura práticas e processos de inovação com foco em geração de valor e a partir dessa conquista, a Copel se tornou uma das 10 primeiras empresas do mundo a receber esse reconhecimento, sinalizando maturidade e alinhamento estratégico entre inovação, governança e resultado. 

A ISO estabelece que inovação não se limita à novidade – ela precisa gerar valor, sendo essencial para consolidar diferentes iniciativas internas, como o programa de inovação aberta, o programa de intraempreendedorismo e projetos regulados de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), criando um framework coeso. 

O Programa de P&D no Setor Elétrico 

O programa de P&D regulado pela ANEEL teve início no ano 2000, com a exigência de que 1% da receita operacional líquida de empresas do setor fosse obrigatoriamente investido em pesquisa e desenvolvimento da qual, inicialmente, o foco estava na originalidade científica, com forte vínculo com universidades e instituições de pesquisa, no entanto, a geração de valor prático não era contemplada. 

Apesar de mais de 2.000 projetos realizados e cerca de R$ 7 bilhões investidos desde a criação do programa, menos de 2% das tecnologias desenvolvidas chegaram efetivamente ao mercado devido a rigidez regulatória, a dificuldade de alocação de recursos em startups e a limitação a parcerias acadêmicas que restringiram o potencial de inovação aplicada. 

Já em 2022, a ANEEL atualizou o Manual de P&D, promovendo uma importante virada: passou-se a exigir resultados com maior maturidade tecnológica (TRL) e foco direto no consumidor final, essa nova abordagem flexibilizou parcerias, incluindo startups e empresas com soluções mais maduras, além de implementar métricas mais claras e incentivo à inovação com impacto real. 

 

Case 1: Medidor de Capacitância – Quando o valor vai além dos Royalties 

Um dos projetos mais emblemáticos desenvolvidos pela Copel é o medidor de capacitância, criado originalmente sob o modelo antigo do P&D, focado em produção científica. O dispositivo, utilizado para diagnosticar falhas em bancos de capacitores, passou por um processo de desenvolvimento de 6 anos, com diversas melhorias ao longo do tempo. 

Anteriormente, a identificação de falhas exigia o desligamento completo do banco, desmontagem e medição manual, o que gerava alto custo e impacto operacional, já o novo equipamento permite medição em campo, com o sistema energizado, economizando tempo, mão de obra e melhorando a eficiência. 

Apesar de gerar apenas 5% em royalties com a comercialização pela empresa parceira, o retorno real veio de forma inesperada, pois em 2023, uma falha em um banco de capacitores de 500 kV em Curitiba foi solucionada em menos da metade do tempo estimado graças ao novo equipamento, logo o projeto se pagou em uma única operação de manutenção, evidenciando que o verdadeiro valor está na eficiência operacional, e não apenas na comercialização direta da tecnologia. 

 

Case 2: Usina Colíder – Inovação na Preservação Ambiental 

O segundo case trata da usina Colíder, no Mato Grosso. Construída com base em conhecimento tradicional de usinas no Paraná, a Copel deparou-se com um novo desafio: a fauna aquática local, com peixes de grande porte (50 a 60 kg), reagia negativamente ao funcionamento do vertedouro da barragem, devido ao alto nível de oxigenação da água (TDG). 

O fenômeno causava a morte dos peixes, gerando risco ambiental, multas pesadas e pressão regulatória, exigindo da solução a criação de um degrau dissipador de energia, cujo cálculo técnico era complexo e necessitava de altíssima precisão, porém a resposta veio através de um projeto de modelagem matemática via P&D, que permitiu definir com exatidão os parâmetros da obra, resultando na eliminação do problema ambiental e a redução de riscos legais e operacionais.  

Portanto, a jornada da Copel ilustra como a inovação, quando orientada à geração de valor, pode transformar empresas, mesmo em setores tradicionalmente conservadores como o elétrico e a conquista da ISO de inovação, a reformulação do uso de recursos de P&D e os cases apresentados demonstram que é possível alinhar sustentabilidade, eficiência operacional e resultado financeiro, pois mais do que buscar apenas a novidade, a Copel mostra que o verdadeiro diferencial está em aplicar o conhecimento em soluções que resolvem problemas reais, otimizam recursos e impactam positivamente a sociedade, sendo essa a nova lógica da inovação no setor elétrico – e a Copel está à frente dessa mudança.