Acelerando Conexões: o Papel dos Hubs na Maturidade em IA

Acelerando Conexões: o Papel dos Hubs na Maturidade em IA

No evento <Re>conectar, realizado no Hub Cerrado em Goiânia, Uaitã Pires, Diretor de Operações no Hub Cerrado, trouxe uma reflexão clara sobre o papel dos hubs na transformação digital das empresas. Em um cenário onde a velocidade da inovação aumenta e a pressão por eficiência cresce, os hubs surgem como pontos críticos de conexão entre talentos, empresas, tecnologias emergentes e novos modelos de negócio. 

Uaitã iniciou lembrando que o próprio avanço da indústria refletiu esse aumento de complexidade. Ele comparou o cenário manual e de baixa escala dos anos 1900 com o ambiente altamente automatizado e orientado à personalização que vivemos em 2025. Para ele, essa mudança exige não apenas tecnologia, mas também novas formas de organização e colaboração. 

A curva da maturidade em IA e o grande engano das empresas

Uaitã destacou que, apesar do entusiasmo com IA, a maioria das empresas ainda está presa no nível exploratório. Times isolados usam ferramentas como ChatGPT, criam provas de conceito e testam soluções sem integração estratégica. Ele reforçou que a maior parte das organizações leva entre dezoito e vinte e quatro meses para avançar do nível exploratório para um estágio realmente prático. 

Sua fala se conecta ao alerta central da apresentação. “Inovação sem retorno e sem estratégia é apenas um hobby caro.” Ele reforça que não adianta testar ferramentas sem clareza de objetivo, governança ou integração entre áreas. 

Segundo ele, a maturidade em IA depende muito pouco da tecnologia e muito da cultura. Os slides apresentados reforçam que apenas dez por cento da maturidade está ligada a ferramentas enquanto noventa por cento está relacionada ao comportamento das pessoas, à qualidade dos dados, à governança corporativa e à forma como as decisões são tomadas. 

O triângulo da dificuldade: talentos, velocidade e dados

Uaitã explicou que as empresas frequentemente caem na armadilha de tentar resolver tudo sozinhas. Contratam cientistas de dados, tentam criar modelos internos e esbarram em desafios estruturais. Ele resumiu essas barreiras em três pontos principais. 

Primeiro, talentos especializados são escassos e muito disputados no mercado. Segundo, a falta de agilidade de teste faz com que iniciativas morram antes de amadurecer. Por último, dados de qualidade ainda são um desafio, já que muitas organizações operam com bases fragmentadas, desatualizadas ou indisponíveis. 

Ele reforça que essa combinação cria um ciclo de frustração onde “usar IA” parece simples, mas gerar valor com ela se torna difícil sem o suporte adequado. 

O que afinal é um hub de inovação

Para resolver essas lacunas, Uaitã apresentou uma definição clara. Hubs não são apenas espaços físicos. São ecossistemas ativos que reduzem atritos, conectam empresas a startups, investidores e especialistas e aceleram soluções. Em suas palavras, o espaço físico é apenas a porta de entrada. O impacto real está nas conexões improváveis que se tornam possíveis quando diferentes atores compartilham desafios e competências. 

Ele explicou que hubs funcionam como motores que catalisam experiências e parcerias. Permitem testar rápido, errar barato e acessar talentos que as empresas dificilmente recrutariam sozinhas. Também viabilizam desafios de inovação, programas de experimentação e matchmaking estratégico com startups qualificadas. 

O Hub Cerrado como exemplo de ecossistema vivo

Para ilustrar esse papel, Uaitã apresentou indicadores que revelam a força do Hub Cerrado. São mais de 110 mil visitantes desde 2019, mais de 700 empresas clientes, mais de 90 eventos anuais e uma comunidade com mais de oitenta startups em setores como IA, agro, saúde e turismo. Esses números mostram que o hub não funciona apenas como um ambiente de coworking, mas como um sistema completo que conecta habitat, academy, comunidade e venture. 

Esse modelo permite acelerar negócios, formar talentos, criar soluções inovadoras e apoiar empresas que buscam transformar sua operação. 

Três caminhos possíveis para acelerar agora

Para fechar sua fala, Uaitã apresentou três formas práticas de como empresas podem se aproximar da inovação de forma efetiva com apoio de um hub. 

A primeira forma é a conexão leve, como hackathons e desafios que ajudam a identificar dores reais e revelar talentos. A segunda é a conexão média, com squads especializados que atuam temporariamente como braço de inovação dentro da empresa. A terceira é a conexão profunda, onde corporações se tornam sócias ou cocriadoras de startups nascidas dentro do próprio hub. 

Esses caminhos têm uma premissa em comum. Nenhuma empresa precisa avançar sozinha na jornada da IA, e muitas vezes fazer parte de um ecossistema permite amadurecer mais rápido, com menos risco e maior aprendizado. 

Conclusão: a maturidade em IA nasce de conexões, não de ferramentas

A palestra de Uaitã reforça uma lógica que vem ganhando força no mercado. A adoção de IA não é apenas uma questão tecnológica. Ela exige cultura, estratégia, bons dados e, principalmente, conexões. Hubs existem para criar essas conexões. Eles aproximam quem precisa inovar de quem sabe construir, transformam desafios em oportunidades e aceleram o caminho entre intenção e resultado. 

Em um cenário onde a velocidade da mudança aumenta e as expectativas dos consumidores seguem crescendo, empresas que se isolam correm o risco de ficar para trás. Empresas que se conectam encontram parceiros, talentos e soluções que ampliam sua maturidade e sua capacidade de competir.