Da Indústria ao Varejo: como a Portobello acelera sua maturidade digital e expande o uso de IA

Da Indústria ao Varejo: como a Portobello acelera sua maturidade digital e expande o uso de IA

No dia 27 de novembro, durante o Reconectar com Tecnologia, realizado no Hub Cerrado em Goiânia, Daniel Mathias, CIO da Cerâmica Portobello, apresentou uma das palestras mais aguardadas do evento: “Da Indústria ao Varejo: Transformação Digital e IA na Portobello”.

Com uma visão estratégica e ao mesmo tempo humana, Daniel compartilhou a jornada de transformação digital da companhia, o papel da IA na evolução do negócio e os desafios de liderar em um cenário onde a mudança é constante.

Uma carreira construída na intersecção entre sistemas, negócios e pessoas

Daniel iniciou sua fala resgatando sua trajetória profissional: iniciada em consultorias SAP, passando por anos de atuação na Natura, onde liderou projetos de digitalização, plataformas de e-commerce e iniciativas internacionais de expansão tecnológica.

Essa vivência o levou naturalmente ao universo da transformação digital corporativa, área em que hoje se destaca à frente da Portobello. Sua abordagem integra tecnologia, cultura, processos e, sobretudo, pessoas.

Portobello: uma empresa que vive design e pensa em ecossistemas

Mais do que uma indústria cerâmica, a Portobello se define como uma empresa que vive design, cria experiências e transforma ambientes. Com presença nacional consolidada, expansão global crescente e uma rede de lojas forte e conectada, a companhia vive um momento de aceleração estratégica em direção ao digital.

O foco vai além do produto: está em criar um ecossistema capaz de integrar indústria, varejo, arquitetos, parceiros e consumidores em uma jornada contínua de inspiração, relacionamento e inteligência.

Digitalização como requisito básico, não mais diferencial

Daniel destacou que, no setor cerâmico, muitos processos industriais são maduros, mas ainda há desafios de integração e de cultura orientada a dados. Para ele, a digitalização deixou de ser vantagem competitiva e passou a ser pré-requisito de sobrevivência.

Esse entendimento motivou a estruturação de ciclos estratégicos de transformação dentro da Portobello, combinando: modernização de infraestrutura e segurança, integração de plataformas, consolidação de dados, cultura digital, e, agora, a expansão da IA em escala corporativa.

A empresa se movimenta em direção a um modelo onde cloud, automação, analytics e IA passam a apoiar diretamente a operação, a experiência do cliente e a eficiência da cadeia.

V3RA: IA corporativa aplicada ao negócio

Um dos destaques da palestra foi o V3RA, plataforma de inteligência artificial desenvolvida pela Portobello.

O V3RA representa uma camada de inteligência integrada à operação, capaz de:

  • conectar ERP, CRM, Data Lake e sistemas logísticos;
  • fornecer respostas e análises em tempo real;
  • garantir governança, segurança e compliance;
  • aprender continuamente com os processos e com o uso dos colaboradores;
  • aumentar a velocidade e a assertividade das decisões;
  • impulsionar produtividade em diversas áreas.

Daniel reforçou que a ambição da companhia não é usar IA como “funcionalidade”, mas como motor da próxima fase de crescimento.

PlayObras: intensificando o relacionamento e a experiência do cliente

Outro projeto central na estratégia de digitalização é o PlayObras, plataforma que transforma a gestão da obra e aprofunda a conexão entre a Portobello, suas lojas e seus clientes finais.

A solução permite: transparência na execução da obra,acompanhamento contínuo, registro de dados estratégicos, fortalecimento da relação direta com consumidores e arquitetos, e gestão integrada das oportunidades e do funil de vendas.

Ao unir PlayObras e V3RA, a Portobello cria um ciclo virtuoso: dados \→ insights \→ experiência \→ fidelização \→ crescimento.

O efeito rede: indústria, varejo e comunidade conectados

Daniel apresentou ainda a visão de uma Portobello que opera como rede: arquitetos, lojas, designers, clientes finais, indústria e projetos interagem de forma integrada.

Essa orquestração cria:

  • uma comunidade ativa de especificadores;
  • produção orientada a dados;
  • lojas com inteligência de relacionamento;
  • uma biblioteca viva de projetos e referências;
  • inovação alimentada por feedback constante.

O valor deixa de estar apenas no produto e passa a se concentrar na experiência, na comunidade e na plataforma.

A visão para 2026–2029: eficiência, escala e novos modelos de receita

A próxima fase da Portobello combina expansão global, eficiência operacional e criação de novos modelos de negócio baseados em plataforma e em dados.

Entre as metas destacadas: crescimento em mercados estratégicos, redução de custos via automação, aumento de margem através de processos inteligentes, cultura digital consolidada, organização mais adaptativa e orientada a aprendizado.

A empresa mira um futuro em que tecnologia, design e inteligência se unem para formar um ecossistema digital completo, onde o varejo é conectado, a indústria aprende continuamente e a plataforma cria valor compartilhado.

Liderar em tempos de incerteza: o papel do propósito

Em um momento marcante da palestra, quando perguntado sobre como liderar frente a tantos desafios, Daniel compartilhou uma reflexão pessoal:

Ele destaca que o líder moderno não pode (e nem deve) saber tudo. O papel não é ter todas as respostas, mas sustentar o propósito, criar direção, reconhecer limites e permitir que o time floresça.

Daniel estruturou sua visão em três níveis de propósito:

  1. Propósito do líder: aquilo que o move pessoalmente.

  2. Propósito das pessoas: o que engaja e inspira cada integrante.

  3. Propósito da equipe: o que o grupo deseja construir coletivamente.

Quando esses três níveis convergem, nasce um ambiente fértil para colaboração, aprendizado e tomada de decisão, essencial em jornadas de IA e transformação digital.

Conclusão

A transformação digital e o uso de IA na Portobello mostram que o Brasil está produzindo cases robustos de inovação corporativa.

A palestra de Daniel Mathias trouxe uma visão clara de como indústria, varejo e plataforma se conectam em um modelo orientado a dados e inteligência, e de como o papel da liderança evolui para sustentar essa jornada.

Para empresas que buscam avançar em maturidade de IA, fica a mensagem:
a verdadeira transformação acontece quando tecnologia e propósito caminham juntos.